sexta-feira, 23 de maio de 2008

MALU COMENTA A VOLTA DA MALU QUE NÃO QUER PARAR DE IR. PARA ONDE?

NAS PALAVRAS SOLTAS ESCRITAS ACIMA,

A MALU QUE NÃO VIAJA,

QUE FICA NO MESMO LUGAR,

DEIXOU UM COMENTÁRIO PARA A MALU QUE ANDA.

A MALU QUE ANDA SOBRE OS PÉS E COM O PENSAMENTO.

PENSAMENTO NÃO TEM FRONTEIRA.

A MALU QUE FICOU, TAMBÉM NÃO TEM FRONTEIRAS E SENTE SAUDADES DE SI MESMA ,

NO MESMO LUGAR E EM MUITOS LUGARES ...

ELA DIZ:

SEJA BEM VINDA DE VOLTA AO SEU ACONCHEGO.
ATÉ QUE FINALMENTE, MAS COMO DIZ O DITADO:
ANTES TARDE QUE NUNCA...


POIS É... A MALU QUE FICOU ESTÁ À ESPERA DA MALU QUE FOI...

A QUE FOI, ESTÁ DE VOLTA E LOGO SENTIRÁ FALTA DO MUNDO VASTO MUNDO!

MAS SEMPRE QUE UMA VAI, OUTRA FICA ESPERANDO ...

PIOR É QUE AS DUAS NUNCA SE ENCONTRAM, PORQUE QUANDO UMA VOLTA A

OUTRA VIAJA...

PALAVRAS SÃO PALAVRAS

Lua. Terra. Vida. Conquistas. Gente...

Espaço. Exílio. Volta.

Palavras soltas, fazem sentido?

Palavras lançadas sem conteúdo?

Verde olhar destruição mares estaria...

Palavras jogadas ao lado de verbos formaram uma oração?

Toda vida é bela.

Belíssima...

As palavras coordenadas deram um sentido à oração. A palavra sozinha também se deu vida.

Era uma sequência?

Exílio... Céu.... Lua... Gente...

VOLTO DO MEU EXILIO....

A vida é bela.

Belíssima!!!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Primeio de maio: comemoremos com carinho e amor.

DIA DO TRABALHO – PRIMEIRO DE MAIO

Escrever é um trabalho e acredito eu que seja uma das atividades mais prazerosas.

Profissionais com fins objetivos como os autores de livros didáticos, jornalistas e outros, ou aqueles que gostam de escrever por arte, como os poetas, romancistas e os que o fazem por hoby, deverão, porém se guiar pela máxima de que não se pode ter a pretensão de impor uma determinada opinião, pois até mesmo as teses científicas, os registros de fatos históricos, às vezes são contestados. É um trabalho com idéias e cada qual escreve de acordo com a sua formação, caráter, cultura, ponto de vista e se forem escritos científicos ou técnicos, são de acordo com pesquisas e experiências e que também, podem alcançar divergências.

O ato de escrever é democrático, exatamente porque se expõe à apreciação do leitor e por mais que um texto seja alvo de críticas, é aí, na liberdade de expressão que está a enriquecedora fonte do questionamento crítico, tanto para o leitor quanto para o escritor.

Se ninguém escrevesse, agradando ora a gregos, ora a troianos, ou desagradando a ambos, nada seria registrado, não teríamos fatos tão confiáveis da História da humanidade, assim como não saberíamos da famosa frase de Getúlio Vargas, em um de seus discursos que mobilizavam multidões: “Trabalhadores do meu Brasil...”.
Pois é, com certeza esse país tem muitos trabalhadores que merecem toda a glória e, muitas vezes, não sabem da força que têm.

Se não fosse o camponês, de que forma o dono das indústrias de óleo, trigo e outros alimentos estariam ricos? Se não fosse o pedreiro, como os ricaços construiriam seus apartamentos e palacetes? Se não fosse o garçom, quem serviria refinadamente num jantar de gala? Se não fosse o funcionário da gráfica, como seria publicado um livro de sucesso? Se não fosse o trabalhador braçal, como o asfalto das rodovias privatizadas (as mantidas pelos poderes públicos são péssimas) poderia servir de tapete para os carrões dos ‘bacanas’? E assim por diante?

Esses trabalhadores braçais, tão importantes na construção da sociedade e tão pouco valorizados no quesito salário, têm o mesmo destaque na construção da nossa sociedade, como o médico que nos salva, o advogado que representa o direito de voz dos acusados, o piloto que nos permite encurtar consideravelmente o tempo causado pelas distâncias, os biólogos que estudam a vida para ajudar a preservá-la, assim como outras profissões, sejam elas bem ou mal reconhecidas.

Atualmente temos o trabalho com a ajuda da tecnologia, que é tudo o que o homem cria para agilizar sua ação, se bem que infelizmente, apenas uma pequena porcentagem da população tenha acesso a esse avanço, por causa da lógica do capital, que “vende” o produto tecnológico que o próprio homem ajudou a construir e poucos podem comprar.

Não poderia, no entanto, deixar de citar a mais nobre de todas as profissões: a do professor. Dom Pedro dizia que se não fosse imperador, seria professor. O professor dispensa igual atenção à criança que será médico, dentista, varredor de rua, cientista, motorista, a todos enfim. É a profissão daqueles que semeiam o saber nas criaturas e, pelas conquistas grandiosas da humanidade em todas as áreas, pode-se afirmar que as sementes caíram em muitas terras férteis e deram muitos frutos, desde o princípio.

Lembro-me de que quando criança, todos os dias em minha escola, colocavam-nos em filas, por série, no pátio. O diretor sempre nos dirigia a palavra antes de entrarmos para a sala de aula, com muita sabedoria e sua fala foram sementes que devem ter gerado muitos frutos bons, pois foi com ele que aprendi dar valor a todas as profissões e saber que são essenciais para o desenvolvimento de um país. Antes de irmos para nossa sala, ele nos falava a cada dia sobre um assunto e depois cantávamos o Hino Nacional. Fazia questão da presença desde a faxineira até a dentista da escola nesse ritual, e depois da iniciação solene, a fila mais comportada levava a bandeira para a sala de aula, coisas da ditadura, afinal, dirão. Foi nesse cenário patriota que aprendi a música que cantávamos na véspera de primeiro de maio, acompanhados inclusive pelo diretor, um trabalhador em educação que deixou uma marca de seriedade, competência e creio que todos os alunos devem lembrar-se dele como um modelo de profissional. A música:

“O trabalho é nobre mister/
A que se inclui qualquer serviçal/
Todos quantos a pátria requer/
Do operário ao intelectual. /

REFRÃO: comemoremos com carinho e amor,
Primeiro de maio, dia do trabalhador,
Primeiro de maio, dia do trabalhador,
Comemoremos com carinho e amor.

O trabalho do aluno é estudar/
Professores trabalham também/
O salário do aluno é aprender e passar/
Professores teu prêmio é no além.”

Bem diz o provérbio “é de pequeno que se torce o pepino”, pois aprendi naquela escola que todo trabalhador é imprescindível em nossas vidas, esteja exercendo a profissão que for, não existe o melhor profissional, e, sim, aquele que dá o máximo de si, mesmo que isso não seja tão evidente como seu colega. Mas pode ser que seja o possível que ele consiga fazer. É claro que existem os preguiçosos e os corruptos, mas primeiro de maio não é dia deles. É dia dos esforçados, com destaque ou não.

Neste dia quero falar da admiração que tenho por uma profissão: os bombeiros que se arriscam como heróis para salvar seres, seja na água, seja no fogo. Esses merecem importante destaque.

Voltando a Getúlio Vargas que dizia solenemente: “trabalhadores do meu Brasil...” e era aplaudido por uma multidão crédula de que aquele discurso anunciava uma promessa de prosperidade, eu me pergunto se algum dia, essa minha gente de braços prontos para servir conscientizar-se-á da força poderosa e inexaurível que têm.

Professora Malu Milreu

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Mãe que abandona filho na rodoviária de Campo Grande...

A MÃE QUE ABANDONOU O FILHO NA RODOVIÁRIA DE CAMPO GRANDE...

Várias notícias nos comovem, às vezes atuam em nossa consciência como fator de mudança de postura. Dizem que o erro alheio pode servir de parâmetro para nossa reflexão e ajuda-nos a retomar novo caminho. Mas, no caso dessa mãe, onde estaria o erro? Nela? Uma criança que segura outra criança no colo e, assustada com o futuro incerto para ambos, resolve abandonar o filho, acreditando que assim ele teria uma melhor sorte, ou o erro mais uma vez é da sociedade seca e fria, que não ampara, não acalenta, não dá oportunidades?

Quando ouvi no noticiário que a jovem mãe seria responsabilizada por abandono de incapaz, eu me pergunto se a justiça que é cega, conforme diz o lema, não poderia ser mais flexível nestes casos, principalmente quando a menina de 18 anos, dirige-se à polícia e conta sua história de abandono e desespero máximo, ao ponto de abrir mão do bebê?

Em primeiro lugar, vem-nos à mente a falta da família, que hoje se desestruturou totalmente, e eu não falo aqui de separação de pai e mãe, que isso não é desculpa para que aquele que ficou com os filhos, se desdobre para suprir a falta do parceiro que saiu de casa. Eu falo da família, seja mãe e filhos ou pai e filhos, mas que ampare, possibilite o desenvolvimento saudável das suas crianças, até que elas possam alçar seu próprio vôo. Em segundo lugar estamos nós, educadores, eu, que também sou educadora não me eximo de culpa, que não estamos conseguindo ajudar esses adolescentes. Em terceiro lugar vêm as políticas sociais que não atendem absolutamente o vazio de ninguém, a não ser a carência do discurso político, que vê nas assistências, infelizmente, um trunfo para conseguir votos. Por último, nossa medicina. Alguns médicos, os hospitais que atendem essas mães despreparadas para tal missão, estão muitas vezes, longe do espírito de humanidade.

Será que custa muito àqueles incumbidos de cuidar e salvar, ter um olhar mais solidário? Não seria mais responsável o gesto desses profissionais se neste momento pudessem cuidar também da dor moral do paciente, que muitas vezes sente sobre si todo o peso do mundo? Alguém já parou para avaliar uma mãe que toma essa atitude, o que seja uma depressão pós-parto?
É uma sensação de impotência tão forte, uma visão de limitação tão profunda, que somente quem tem apoio moral pode superar. E essa mãe de Campo Grande, sozinha, sem o pai da criança, saída da frieza de um hospital público, sem sua própria mãe, presença imprescindível, sentada no banco de uma rodoviária, local tão repleto de pessoas, mas que nada significam para quem se sente só, esmagada pelo monstro que é a depressão pós-parto, enfrenta agora a justiça e a crítica dos homens. Ela terá seu filho de volta, ou será condenada?

Há um verdadeiro caos na lotação dos hospitais públicos, não nos restam dúvidas, mas tudo seria diferente se aqueles que estão encarregados de cuidar dos nossos doentes tivessem o gesto humano de conversar além do estritamente necessário e se inteirassem da situação de plena solidão desses jovens que não tiveram orientação adequada para usar camisinha, e no caso dessa moça, que não teve a presença de ninguém para lhe dar o calor necessário naquele dia, o que infelizmente mostrou um trabalho de parto mecânico, em série, sem a pompa daquelas crianças que nascem diante das filmadoras dos pais presentes. Essa mãe desvestida de uma família, de dinheiro, de um companheiro, desprotegida pelo descompromisso social, desfeita pela dor de não saber o que fazer, nos leva também ao banco dos réus, isto é, leva aqueles que de alguma forma sabem que nada está politicamente certo e nada fazem.

Porém, se a tudo jogamos a culpa na situação política, aqui caberia a nós não atirar pedra nessa mãe, sem antes julgarmos a nós mesmos em relação às nossas atitudes perante as mazelas sociais: cobramos dos nossos políticos investimentos na educação,na saúde de qualidade? Se formos da área de saúde, sabemos que a bondade deve nos acompanhar ou somos frios com aqueles, que muitas vezes o melhor remédio seria o calor humano, permitindo que aquela criatura não fosse levada a uma atitude tão extrema? De qualquer forma, a rigidez do nosso julgamento não vislumbra a dor devastadora de uma depressão pós-parto e, pior, a dor de uma sensação de se estar só.

Dias atrás, li um artigo maravilhoso de um médico, escrito a outros médicos, onde ele dizia que a bondade deveria ser o remédio gratuito que o profissional dispensaria aos seus pacientes, receita essa que poderia operar milagres.

Infelizmente, a idéia de que os hospitais públicos vivem lotados é a desculpa para a frieza de muitos profissionais; a nossa leniência com a realidade educacional de hoje, não nos possibilita uma educação de qualidade e a família desfacelada é um câncer. Como dizia Rui Barbosa, a família é a célula mínima da sociedade: “desfaz-se a família, que a sociedade se desfaz também”.

Professora Malu MIlreu.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

DIA 19 De ABRIL- DIA DO ÍNDIO.

DIA 19 DE ABRIL, DIA DO ÍNDIO.

O que exatamente esse dia pode nos dizer? Comemoração folclórica, quando se faz uma homenagem aos habitantes primitivos desta terra e se pintam o rosto dos nossos alunos, colocando-lhes penas na cabeça, ensinando-lhes que batam de leve a mão na boca e gritem: “u, u, u...” lembrando-lhes que no ano de 1500, por ocasião do descobrimento do nosso Brasil (afinal, esse país é nosso também), eles, os índios, viviam por aqui, livres e donos plenos deste chão? Ignorando, porém, o drama que esses nativos sentiram e sentem desde que Pedro Álvares Cabral aportou onde chamaram primeiro de Ilha de Vera Cruz e depois de Terra de Santa Cruz?

Hoje, a figura do índio do século XXI não é, sem sombra de dúvida, a mesma da época do Brasil colônia, quando nossos compositores, escritores e poetas, munidos do ardor nacionalista, uma das características fortes do período literário do Romantismo, na ânsia de se buscar um passado que gritasse mais alto que as imposições da cultura européia e em busca da liberdade política, encontraram no indianismo a forma de se dizer que tínhamos um passado, uma história.


Enquanto os europeus ilustravam em sua literatura um herói medieval, aqui no Brasil, nosso Gonçalves Dias, nosso José de Alencar e outros enalteciam o índio, descrevendo-o como bom, nobre, corajoso e belo, tornando-o símbolo da raça nacional: Peri, Iracema, e outros.

Esse tema de valorização do indígena, porém, se esgotou no final do século XIX, dando espaço às questões sociais, como, por exemplo, a escravidão negra, enriquecendo nossa literatura com poemas tão belos quanto os indianistas, tal qual O NAVIO NEGREIRO, de Castro Alves. O índio voltava ora ou outra a ser citado, no entanto, sem o ardor do início do século, sem heroísmo, ou já como um misto das três raças que formaram nosso povo: MACUNAIMA, o herói sem nenhum caráter, (branco, índio e negro), de forma realista, sem a nobreza que Gonçalves Dias atribuíra ao guerreiro Tamoio: “Não chores, meu filho; Não chores que a vida/ É luta renhida: Viver é lutar. /A vida é combate, que os fracos abate, / Que os fortes, os bravos, Só pode exaltar”.


E hoje? Depois que vimos em “O GUARANI” o índio Peri, herói belo, corajoso e encantador, após lermos a descrição de IRACEMA:
“Iracema a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.”
“O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado”, embora todos saibam que o exagero nas descrições era um estilo presente nos escritores da época, o índio tinha sua importância. E hoje, o que lemos e ouvimos sobre os índios?Muitas dificuldades.

Será que no início da colonização brasileira, os poetas e jornalistas da época poderiam imaginar que aos nativos estaria destinado um confinamento a terras demarcadas, chamadas de reservas? A palavra “reserva” já conota certa limitação. Será que eles ,os índios, podiam imaginar que deixariam de ser os bravos guerreiros desta terra, para serem dependentes da ajuda de um governo, ou seja, da nossa ajuda, porque o governo só é nosso representante (embora alguns políticos se julguem os detentores do saber e do poder). Será que eles poderiam prever que aquela missa celebrada por frei Henrique de Coimbra não lhes garantiriam nem a caridade de ter num futuro longínquo, descendentes sadios, quando o que vemos hoje, são suas crianças tão humanas quanto nós, morrer de fome, já que seus quintais denominados de “reservas indígenas”, não lhes destinam a possibilidade de sobrevivência digna? Ou será que por termos sido colonizados por europeus, herdamos um instinto de superioridade, julgando-nos donos de determinar quem são os seres incapazes ou capazes e quem precisa da nossa proteção? Ou índio é mesmo incapaz? Mas, incapaz de que?

Lembrarmo-nos do valente índio da Canção dos Tamoios, que foi amaldiçoado pelo velho pai, o qual julgava que seu filho tivesse fugido dos inimigos por covardia, mesmo sabendo que era para cuidar dele, pobre pai cego, talvez seja uma boa homenagem para 19 de Abril:
“TU CHORASTE EM PRESENÇA DA MORTE?
NA PRESENÇA DE ESTRANHOS CHORASTE?
NÃO DESCENDE O COBARDE DO FORTE:
POIS CHORASTE, MEU FILHO NÃO ÉS!”
O que diria esse velho índio aos descendentes de hoje?

Ou seria melhor voltarmos nossos pensamentos apenas aos índios atuais, que de forma equivocada acreditamos que preservar sua cultura seja mantê-los em suas aldeias?
E se de repente, eles também resolvessem criar o dia do Colonizador e fizessem em suas terras, festinhas como as que já fizemos em nossas escolas, onde os indiozinhos pusessem perucas longas, com aqueles cabelos despenteados (no princípio, na era da caverna, os homens não cortavam os cabelos), e lhes dessem armas de pedras e paus , pedissem que gritassem do tipo “uga... uga, uga”, um deles arrancando um pedaço de carne de bicho do outro, para comer com as mãos? Será o que estariam simbolizando? Seria uma forma de achar que para preservar nossa cultura deveríamos estar vivendo ainda nas cavernas? Ou seria hora de pensarmos que para eles lembrarem-se de sua cultura, podem desfrutar da modernidade, das tecnologias, da educação que julgamos ser caminhos apropriados para um lugar no mercado de trabalho... Ou o índio é um ser humano diferente, não só culturalmente e precisa viver na aldeia? Isso não é cidadania. Mas achamos em nossa arrogância, que aos índios cabe uma “reserva”. Coitados, porque estamos exterminando as matas, florestas e o quintal que lhes sobrará será tão pequeno, quase do tamanho de uma cela de prisão, porque numa reserva não existe horizonte. E nós, em nome da preservação cultural, insistimos em achar que devemos protegê-los, lá no mato. Afinal, evolução, só para nós. Caverna para nós, é pré-história, é primitivo. Reserva para índio é normal... Nós achamos que evoluir, ter conforto, progresso não importa a eles. Nós achamos. E a inclusão deles entre nós? Creio que devam preservar seus costumes, sim, e que decidam, eles mesmos, onde e como. Penso assim, desde que ouço falar em inclusão.

Ou nós devemos ficar quietinhos em nosso canto e quem está certa é Rita Lee:
"Se Deus quiser/ um dia quero ser índio/
viver pelado pintado de verde/ num eterno domingo/
ser um bicho preguiça/ espanta turista/
e tomar banho de sol/ banho de sol/ sol."

quarta-feira, 16 de abril de 2008

ORAÇÃO DA NOITE

Senhor,
se esta noite ao nos deitarmos, em nossos corações houver

a mágoa de uma ofensa recebida,
a dor de uma partida,
o tédio das horas de um dia de trabalho sem prazer,
a solidão dos nossos passos sem companhia e
da nossa ternura retida,

o peso da nossa consciência que não praticou o bem,
o vazio da nossa alma que não se elevou na contemplação da tua beleza e
da tua bondade,
o medo de fechar as pálpebras sem saber de uma nova aurora vai surgir,

Nós te pedimos, Senhor,

que ao despertar amanhã,
ainda experimentemos a alegria de viver através

do sorriso de um amigo,
da espectativa de um reencontro,
da luz do sol batendo na janela do meu quarrto,

do brilho do de uma criança pousando sobre meus olhos,
do propósito de amar nosso próximo,
do gesto de adoração que nos une a ti,
da confiança nos teus braços,
que nos sustentam na escuridão.

E se esta noite, Senhor, ao nos deitarmos tudo está bem,

felizes te bendizemos e

em tudo e por tudo,

obrigada nosso pai e senhor!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

ERAM OS DEUSES DE AREIA?

ERAM OS DEUSES DE AREIA?

A figura zen de Dalai-Lama vê-se agora envolta em nuvens de dúvida: estaria ele instigando os monges a se revoltarem contra a China?
O Tibete, que se encontra submisso à China desde 1950, ainda não se rendeu ao invasor e, é claro, não se renderá nunca.
Dalai-Lama encontra-se exilado na Índia desde 1959 e já anunciou sua disposição de abdicar da condição de líder espiritual dos tibetanos, falou também que não pretende a independência do Tibete, e, sim lutar para que os chineses respeitem a cultura tibetana.
De acordo com reportagem de Paul Eckert, o ator Richard Gere vem sugerindo que todos boicotem os jogos olímpicos na China, caso o país não amenize a situação e prossiga com as tensões que estão sendo geradas no Himalaia. Richard Gere é pupilo de Dalai-Lama há 25 anos e em entrevista à Reuters disse: “Educados e sensíveis como os chineses são, a razão pela qual eles não entenderam a situação tibetana desde o começo, vai além da minha compreensão”.
Dalai-Lama diz que “nunca incentivou a violência, pois ela é contra a natureza humana.”
Foi assim, como um pacificador, que me acostumei a ver o líder espiritual dos tibetanos: sempre um pregador da paz e da humildade. De repente, os noticiários e reportagens nos mostram os monges manchados de sangue, todos em luta, tentando boicotar os jogos deste ano. Neste cenário de disputa sangrenta, com pedradas e iras, quando as notícias retratam Dalai-Lama afastado de seus alunos espirituais, frágil, vulnerável, pergunto-me: ERAM OS DEUSES DE AREIA?
Nós, simples mortais, sempre ouvimos nas aulas de religião que “tu és pó, e ao pó retornarás”, e para nós é intrigante saber que até aquele que os monges crêem ser a reencarnação de Buda, veio do mesmo barro que nos deu origem.
Os monges e outros tibetanos desmentem o primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, com relação ao número de mortos na revolta em Lhasa. Porém, com os jogos se aproximando, como ficará essa pendência?
Quando os próprios monges se deixam fotografar com sangue na testa, provando que a luta se arrasta, mostrando ao mundo uma realidade oposta daquela que imaginamos ser a rotina dos monges, constatamos que a missão deles pode não estar na submissão e que, tanto quanto a nossa, têm limites, exigências.
Dalai-Lama, ainda no exílio, distante corporalmente da região do conflito, se limitou a dizer que apenas reivindica a manutenção da cultura do seu povo. Fica muito evidente a sua condição humana, de mortais como todos nós, assim como ficou evidente a de Cristo ao ser preso e levado à presença de Pilatos, julgado, condenado ao suplício da cruz, deixando alguns de seus discípulos incrédulos em relação à sua divindade, como ficou São Tomé. Pelo menos para mim, seria deprimente ver Dalai-Lama com a testa sangrando, como está a de outros monges, caso ele voltasse ao Tibete, para combater ao lado dos seus pupilos. Cristo ofereceu-nos a prova de sua Natureza Divina, ao ressuscitar, coisa que, sabemos, não acontecerá de novo com outro Pastor de almas, portanto, sua permanência na Índia, seu exílio, é o que há de mais prudente e até sábio para quem sabe que é de barro.
Quanto a Dalai-Lama, vê-lo como um líder zen, protegido em outro país, onde não será desfeito como uma nuvem de poeira, só pode nos confirmar, sim, que os atuais deuses podem ser de areia, como cada um de nós.

domingo, 30 de março de 2008

Piloto alemão terá abatido avião do autor de "O PEQUENO PRÍNCIPE"?

Segundo reportagem de Sudip Kargupta, será lançado um livro de autoria de Horst Hippert, onde ele revela que teme ter abatido o avião de Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro O PEQUENO PRÍNCIPE.

Horst Hippert, ex piloto da alemã Luftwaffe, hoje com 88 anos, participou da Segunda Guerra Mundial e diz que em 1944, abateu o avião de Saint-Exupéry, mas não sabia quem o pilotava. Durante décadas, ninguém explicou o desaparecimento do autor do livro O Pequeno Príncipe.
Horst estava em guerra, mas diz que, se relmente era ele quem estava pilotando aquele avião, lamenta muito o ocorrido, pois era "fã" do autor.


Saint-Exupéry se exilou em Nova York quando os nazistas ocuparam a França, mas regressou para se juntar à Força Aérea do seu país, combatendo e fazendo uma das coisas que ele mais amava: pilotar, pois ele era apaixonado por aviões.

O livro O PEQUENO PRÍNCIPE, como ele mesmo analisou: "Pequeno Príncipe" não é uma história para crianças, porque traz justamente a mensagem da criança. Essa criança que irromperá de repente no deserto do teu coração, a milhas e milhas de qualquer região habitada..."

Os adultos acham que se trata de uma história infantil e, realmente, uma criança pode ler, gostar, mas , na verdade, é o mais sensível apelo ao próprio adulto, para que olhe em seu íntimo e saia em busca do "eu criança", não deixando morrer a magia da pureza. É a saga de um homem em busca de si mesmo e da felicidade, na personagem de um pequenino louro, perdido num deserto, descobrindo o mundo , nunca desistindo de uma pergunta, depois que a tivesse elaborado, a menos que a resposta cancelasse sua curiosidade.

Quando o menino surgiu do nada perto do avião, onde o piloto é o próprio autor, simbolizando o adulto, depois de alguma resistência do aviador em se abrir e se deixar levar pela retomada de si mesmo, ele, o homem grande, vê o pequenino iniciar o relato de sua chegada na terra, vindo de um planeta muito pequeno, que pode bem diagnosticar o egoísmo que nos domina ou impera em muitos. Singelamente ele, o principezinho, discorre sobre suas andanças e a primeira descoberta que fez o deixou muito frustrado, pois se achava dono de uma única flor, lá em seu planeta distante e ao avistar muitas iguais àquela em um jardim, chorou, talvez, pela certeza da banalidade ou por não ter aprendido que cada um de nós pode ter o seu encanto próprio.

Pelos caminhos do conhecimento, o principezinho vai enumerando suas descobertas: primeiro foi o rei, que não podia avistar ninguém, que já denominava de seu súdito, muito bem focado nas amizades dominadoras, nos autoritários. E assim foi seguindo , encontrou o vaidoso, o bêbado, o homem de negócios, o acendedor de lampiões, o geógrafo e, finalmente, o aviador. Após tantas descobertas, tantas desilusões, ele resolveu voltar ao seu planeta, em busca da flor abandonada, o que pode nos revelar que nós, indiscutivelmente, estamos procurando pela felicidade e, para isso, tentamos dominar as pessoas, entramos nos vícios, mergulhamos nos negócios e, às vezes, somos simples executores de ordens: " O quinto planeta era muito curioso. Era o menor de todos. Mal dava para um lampião e o acendedor de lampiões... O principezinho não podia atinar para que pudesse servir, no céu, num planeta sem casa e sem gente, um acendedor de lampiões. No entanto, disse consigo mesmo:
- Talvez esse homem seja mesmo absurdo. No entanto, é menos absurdo que o rei, que o vaidoso, que o homem de negócios, que o beberrão. Seu trabalho ao menos tem um sentido. Quando acende o lampião, é como se fizesse nascer mais uma estrela, mais uma flor. Quando apaga, porém, é estrela ou flor que adormecem. É uma ocupação bonita. E é útil, porque é bonita.
Quando abordou o planeta, saudou respeitosamente o acendedor:
-Bom dia. Por que acabas de apagar teu lampião?
-É o regulamento, respondeu o acendedor. Bom dia.
-Que é o regulamento?
-É apagar meu lampião. Boa Noite.
E tornou a acender.
-Mas por que acabas de o acender de novo?
-É o regulamento...
-Eu não compreendo, disse o principezinho.
-Não é para compreender, disse o acendedor. Regulamento é regulamento. Bom dia."

Depois dele, deparou-se com um geógrafo e finalmente com o aviador, que a princípio mostrou-se impaciente, ocupado, resistente a esse mergulho na busca de si mesmo. No final, quando o principezinho retorna ao seu planeta, porque sentia falta de sua flor, mesmo sabendo que ela não era a única, preocupado porque algum carneiro podia tê-la comido, essa volta pode representar o fato de assumirmos que vivemos num mundo corporativo e exigente, mas não podemos deixar de nos aprofundarmos em nós mesmos para não nos perdermos nas ilusões.
Nós não precisamos de muito para sermos felizes, bastam a simplicidade e as boas ações.Bastam as boas amizades.
E Saint-Exupéry, finaliza sua história dizendo:
" E agora, certamente já se vão seis anos... Jamais contara essa história. Os camaradas ficaram contentes de ver-me são e salvo. Eu estava triste, mas dizia: É o cansaço..."
" Olhem o céu . Perguntem: Terá ou não o carneiro comido a flor? E verão como tudo fica diferente...
E nenhuma pessoa grande jamais compreenderá que isso tenha tanta importância!"

Eu olho para o céu e pergunto: será que Hippert, o combatente alemão, derrubou de verdade Antoine Saint-Exupéry, juntamente com seu avião? Será que Antoine morreu fazendo aquilo que mais amava? pilotando? Aí , então, me consolo, e o procuro na beleza das estrelas, porque um autor como ele, é um amigo imperdível...

Vamos aguardar a publicação do livro de Horst Hippert. Talvez, depois de tantos anos ele tenha buscado em seu passado a necessidade de revelar aquilo que o perturba: Saint-Exupéry pilotava ou não o avião que ele abateu e viu cair no mar?

E nós vamos fazer um teste. Indiquemos a leitura do livro 0 PEQUENO PRÍNCIPE aos nossos conhecidos adultos. Se eles disserem que isso é história só para crianças e se disserem que não têm tempo, saberemos que ainda estão perdidos em busca de si mesmos.

sexta-feira, 28 de março de 2008

ERA DA MEDIOCRIDADE

Acredito seriamente que estamos vivendo a Era da Mediocridade, em relação à postura das nossas autoridades. Tudo bem que não vejo as pessoas eleitas por nós como nossos superiores, pois, como reza a Constituição, " todo poder emana do povo" e parece que ninguém sabe disso, pois muitos reverenciam as autoridades como se fossem deuses, ignorando que os três poderes são submissos à soberania do povo.

Por séculos, atravessamos fases que, de acordo com os costumes da época e conforme os valores, principalmente nas artes, iam recebendo denominações, tal qual HUMANISMO, período em que a Igreja foi lentamente perdendo o poder e o Homem passou a valorizar-se, a buscar a si próprio. E assim, as épocas foram recebendo denominações: CLASSICISMO, BARROCO, ARCADISMO, ROMANTISMO, REALISMO,NATURALISMO, SIMBOLISMO, MODERNISMO, até a era contemporânea.

Se prestarmos atenção em nossos governantes, podemos observar o abandono de posturas radicais, como na época da ditadura, ou na época dos reis loucos, mas o que estamos presenciando não é uma conquista da seriedade, sem autoritarismo, nada disso. O autoritarismo persiste, mas ao contrário dos ditadores de outrora, o que estamos vivendo é ridículo!

Quando Fernando Collor de Melo foi presidente do Brasil, era hilário ver suas caminhadas nos parques, sempre acompanhado da televisão, e um dos destaques dos jornais era a sua maratona esportiva, seguido por dezenas de seguranças, que também brilhavam nos holofotes.
Não era aquilo que eu esperava de Collor, o narcisista que subia em muros e dizia que seu peito estava aberto para ser atingido e não tinha medo dos funcionários "fantasmas". Estava à caça deles. Foi decepcionante para a Nação, ver que povo fora passado para trás e que em vez de combater os marajás, ele sequestrou a poupança de brasileiros, levou muitos à ruína e ao suicídio.
O que vimos então? Uma cena de filme dramático, muito triste, de um homem que poderia ser o "salvador" do povo e que desceu a rampa do planalto ao lado de sua mulher, sob vaias. Pobre Collor! Quanta tristeza se abateu sobre sua família, quantas dasavenças.

Fernando Henrique tinha uma postura louvável, aquela que se espera ver em um presidente.
Em seu governo tivemos grandes conquistas, a economia iniciou um período de estabilização, e o seu maior feito foi a Lei de Reponsabilidade Fiscal, sem dúvida alguma. Isso não quer dizer que eu aprove totalmente o seu governo, estamos falando de postura e a dele... pelo menos eu acho que é impecável.

O presidente dos Estados Unidos, visto por todos como o homem mais poderoso do mundo, que , para mim, representa o egoísmo do povo americano ( poderoso, mas não para nós ), pois não é que dias atrás ele apareceu na mídia rebolando? Aí eu vi que no fundo, eu tinha até uma certa reverência pela postura dele, mas depois disso, pasmei. Ele não pode rebolar? PODE, mas não para o mundo, diante da televisão. Será que ficou-lhe bem?

Aqui no Brasil, na Assembléia, presenciamos a dança da pizza. Que coisa mais esdrúxula. Essa é a palavra que melhor define aqueles passos dantescos.Olha a postura...

Agora estamos vivendo a C P I dos cartões corporativos e já assistimos na segunda sessão, o senador Álvaro Dias, do mesmo partido da senadora Marisa Serrano, chamar-lhe a atenção, como se faz com uma criança, porque a senadora não tinha domínio, meu Deus! ainda bem que temos homens como o senador Álvaro Dias. E o sorvete de tapioca que a própria senadora provou, em plena assembléia, durante os trabalhos da CPI? É por essas atitudes que ela demonstra dificuldades em controlar aqueles senadores. Isso é inacreditável e deplorável que continue acontecendo, sem contar que "pulei " a parte do Senhor Roberto Jefferson, que foi cantar no Programa do Jô... Sem contar o senhor Severino, que mais parecia uma afronta para com a nossa inteligência e sem contar, inclusive e, principalmente, com a desaprovação popular, ou seja com a ação popular, porque lamentar esses episódios, nós o fazemos, mas não agimos mais, empacamos nos comentários e ficamos à espera do renascimento de um Salvador da Pátria. Dizem os sábios: infelizes daqueles que precisam de heróis em suas vidas, infeliz da nação que precisa de um salvador.

A humanidade sempre foi marcada por histórias de lutas pelos seus direitos e, de repente, formamos uma sociedade apática, que se limita a ironizar essas situações e nada mais. Somos coniventes com a deterioração da postura política, estamos calados.

Temos que ouvir absurdos como a frase do prefeito do Rio de Janeiro, que esteve na Bahia e disse que foi rezar para que os "santos levassem os mosquitos da dengue para o mar"... deixar que penetre em nossos ouvidos a declaração de que" para controlar a dengue, seria preciso mudar o clima do país, pois é impossível acabar com o mosquito , com um clima tropical, como é o nosso." Será que ouvi bem? Acho que sim, minha audição é ótima.

Voltando ao panorama internacional, mas não tão longe de nós, ali, na Bolívia o senhor presidente Evo Morales veio a público dizer que quer jogar futebol, fazer parte da divisão. Não é engraçado? Ou eu que estou ultrapassada e a "onda" é essa agora, aparecer como estrelas ?

E o nosso presidente? No início eu ficava horrorizada quando ouvia os seus discursos . Creio " que nunca na história desse país, ouvimos tantas "pérolas" proferidas por um "chefe "de Nação". Antes eu me deleitava com as colunas de Diogo Mainardi, na VEJA. Depois de um tempo, comecei a estranhar aquelas colunas, porque quando você exagera nas críticas, elas já assumem a característica de perseguição, de coisa pessoal e os textos deixam de ser sérios e se tornam caricaturais. Perdi a admiração por Diogo Mainardi e passei a achar até pitorescos os discursos de Lula. De repente soprou em mim uma leve simpatia pela, digamos, "versatilidade" de postura de Lula. Mas, tem sempre essa conjunção adversativa para nos alertar: "MAS ". Quando ouvi no Jornal Nacional, um pronunciamento nada fácil de se digerir, fiquei na corda bamba. Era LULA de um lado, falando pausadamente, para o tradutor reproduzi-lo e do outro lado, com um sorriso bem largo, Ugo Chavez se deleitava, ouvindo Lula chamá-lo de PACIFICADOR. Isso mesmo, PACIFICADOR. Pasmem comigo, não me deixem só. Primeiro eu achei muita graça, depois pensei: Ou eu não ouço mais esses noticiários, ou breve, serei dominada pela postura de ficar 'pasmada' para sempre, feito a mulher que ousou olhar para trás e virou estátua de sal, segundo a bíblia.

Fiquei imaginando: Será que Lula falava sério? Será que o próprio Ugo acreditou? Ou será que eu acho que nossas autoridades estão na Era da Mediocridade , enquanto eles é que têm certeza de que nós é que somos medíocres?
DIA 27 DE MARÇO: DIA NACIONAL DO CIRCO

HOJE TEM MARMELADA?
TEM, SIM, SENHOR !
HOJE TEM GOIABADA?
TEM, SIM, SENHOR!
E O PALHAÇO, O QUE É?
É LADRÃO DE MULHER!

Se para quase tudo existe um dia a ser comemorado, por que não se homenagear o circo? Pois esse dia existe: dia 27 de março, ontem.
A data foi escolhida em razão do aniversário do Palhaço Piolin, que nascera aos 27 de março de 1897, e se vivo estivesse, teria completado 111 anos de alegre existência e de temor de que o circo pudesse acabar um dia.

Meses atrás, mas muitos meses mesmo, eu conversava com alguém sobre artes e referia-me ao domínio que os trapezistas têm sobre o próprio corpo, quando ele me retrucou:
"- Eu só aprecio a boa arte, a arte clássica, não piso em circo..."
Minha primeira reação foi a de ficar com a boca aberta, olhando-o pasma! Depois retruquei:
-Não acredito que uma pessoa tão letrada possa dizer isso! Existe arte mais clássica que a circense? O circo é pai do Teatro, falei bem séria.
- Se fosse o circo de Soleur, você iria? Perguntei-lhe.
"_ Ah! agora você falou de CIRCO..."
- Então é preconceito e é grave, não tem cura, respondi.

O circo é uma fábrica de alegrias e percorre vidas humanas há milênios, há mais de 4000 mil anos que se têm vestígios de circo. Ele quase esmorece, mas não morre nunca, é forte, perene. Vem de geração em geração esparramando magia.

Lembro-me de que "era uma vez", eu era aluna do Instituto de Educação Dr. Carlos Sampaio Filho, em Penápolis e o pessoal de um circo entrou na sala de aula para nos presentear com ingressos. A aula era de inglês. O palhaço dirigiu-se ao coleguinha da primeira carteira e perguntou:

"-WHAT'S YOUR NAME?"

O menino levantou-se e gritou com os olhos arregalados:
"-Nossa!!! Palhaço sabe falar em inglês?"
E qual não foi a nossa surpresa, quando ele nos contou uma história comprida, de que tinha sido criança como nós, frequentara os bancos escolares e optara por ser palhaço, seguindo uma tradição familiar.

A partir daquele dia, eu e mais quatro ou cinco coleguinhas decidimos que quando crescêssemos, seríamos palhaços de circo. Às vezes, reuníamos debaixo de uma mangueira, para brincar de circo. Cabos de vassouras e sabugos de milho eram nossos microfones.
Crescemos. Nenhum de nós virou palhaço de circo. Nem sei se os outros quatro ainda vão a circos ou se preconceitos os desviaram dos caminhos da simplicidade. Cada qual seguiu o seu destino.

Se você forçar a memória, pense em quantos palhaços povoaram seu mundo dos risos. Lembram-se do Carequinha?

" O BOM MENINO NÃO FAZ XIXI NA CAMA,
O BOM MENINO NÃO FAZ MALCRIAÇÃO.
PAPAI DO CÉU PROTEGE O BOM MENINO,
QUE NA ESCOLA APRENDE SEMPRE A LIÇÃO."

E o palhaço Piolin? O rei dos palhaços, que morreu aos 76 anos.

Lembro-me de que quando cursava a primeira série do primário, a professora sempre dizia:
"AQUI no Brasil," ou " Quando Pedro Álvares Cabral chegou AQUI no Brasil ," sempre dizendo "AQUI" ao referir-se ao Brasil. Eu achava, então, que a minha cidade chamava-se Brasil. Pode? claro que pode, afinal criança daquela época era muito ingênua.
Uma bela tarde fui à matinê de um circo e lá do picadeiro o palhaço perguntou:
"- Qual é o nome desta cidade mesmo ?"
Eu, achando que ia "abafar", gritei:
-BRASIL! com toda a minha força... enquanto isso a meninada aclamava: PENÁPOLIS e ,ao mesmo tempo, vaiavam-me.
Já viram bexiga vermelha que alguém enche e deixa escapar e ela vai murchando, murchando? Pois foi assim que me senti, tal qual uma bexiga vermelha que vai se esvaziando, esvaziando... Aliás, nem sei mais se toda criança daquela época era mesmo ingênua...

Mas como sempre digo, o palhaço é um grande HOMEM com alma de psicólogo e ele, olhando-me através daquele rosto escondido, daqueles olhos pintados, percebendo que eu ia chorar, falou:
"- A menininha de vestido de bolinha está certa! Ela é inteligente. Penápolis é uma cidade do Brasil. Meninada, vamos aplaudir!"

Acho que não preciso de Freud para explicar o porquê da minha admiração pelos palhaços, pelo circo, pois é na infância que se calcam os valores e os sentimentos. Naquele momento, acreditei que o palhaço era uma figura do bem, ou melhor, eu nem deveria saber direito o que era do bem ou do mal, mas senti nele um alguém protetor. Afinal, para uma criança, vaias atingem tal qual pedradas.

Quero unir meu pensamento àqueles que prestigiam o circo como arte. Desejo que nunca sucumbam às dificuldades financeiras. Que suas forças sejam renovadas a cada espetáculo e jamais beirem a exaustão, da mesma forma que os animais em extinção. Que continuem itinerantes precursores da alegria. Que no caminho milenar do circo, existam sempre os mecenas, como o nosso senador Álvaro Dias, o qual ingressou com um projeto de lei, para melhorar as condições dos circos.

Quando o circo Zanquettini esteve em Costa Rica, eu comparecia todas as noites, sentava-me na primeira fileira e ria, ou melhor, gargalhava do começo ao fim das esquetes. Quer terapia mais apropriada? Bobo de quem perdeu.

Finalizando, deixo os parabéns aos palhaços Peki, Magali, Salário Mínimo e ao querido LIGEIRINHO , do circo Zanquettini.
Recordo-me de que eles estavam no palco jogando água de verdade uns nos outros, quando o Ligeirinho desceu do picadeiro e veio até mim. Pensei :"agora vão me molhar, mas tudo bem..."
Porém, eles jogaram papéis picados em nós e, ali, na platéia ganhei um abraço e um beijo do Ligeirinho, que foi uma das homenagens mais emocionantes que já recebi.

Com um palhaço eu aprendi que o nome da cidade onde nasci era Penápolis. Com palhaços eu rio muito, mesmo estando triste. Foi vestida de palhaça que fiz muitos alunos e pais de alunos rirem nas festas da Escola onde sempre lecionei. Foi um palhaço que, em público, me dedicou esse gesto tão carinhoso, como citei acima , sobre o sábio, simples e doce Ligeirinho, consagrado no programa do Faustão como o melhor do Brasil.

RESPEITÁVEL PÚBLICO! APERTEM OS CINTOS PARA UMA INCRÍVEL VIAGEM AO MUNDO DA ALEGRIA.

VIVAM OS CIRCOS!

domingo, 23 de março de 2008

Domingo de Pàscoa

Para os cristãos, hoje é comemorada a ressurreição de Cristo, mas o que se vê em comemoração para a maioria ,é a possibilidade de poder comer carne (sem culpa), ver a volta dos bailes e criticar os preços caríssimos dos ovos de páscoa. No tempo em que fui noviça na congregação Grizes da Cruz, em Tupi Paulista, a madre superiora nos reunia na sala de conferências e nos dizia:
"_ A maior prova de que Cristo é Deus, está em sua ressurreição ! "Mas para nós, hoje é o dia em que temos a oportunidade de pensarmos em nossa Passagem de pessoas medíocres para pessoas que buscam o conhecimento e só há uma maneira de fazermos isso: " livrem-se do ócio e busquem aprender ," dizia a madre. Aprender com os livros, com as crianças, com os idosos, com a Natureza, e até mesmo com a ociosidade alheia, observando o quanto esse estado de estagnação é pernicioso e nos atrasa na corrida em busca dos caminhos que nos levam aonde deveríamos ir. Apesar da reflexão "piegas", desejo um feliz domingo a todos, com seus ovinhos de páscoa, que tão bem estar trazem, afinal "comer ovo de páscoa POOODE..."

sábado, 22 de março de 2008

Abertura

Estou muito feliz com a oportunidade de ter esse espaço para escrever minhas opiniões, mesmo que seja "opinião sobre tudo", aliás, não sei por que criticam Caetano, quando dizem que faz isso! Afinal, devemos sim, ter opinião sobre tudo...ou não...
O importante é saber opinar e receber comentários e críticas. Espero corresponder às expectativas dos amigos que sempre me incentivaram a criar esse blog.
Um abraço e até a próxima.

Inauguração...

É com muito orgulho que inauguro aqui o blog da minha mãe!

Ela está ao meu lado e juntos criamos este espaço para que ela possa dividir conosco - seus amigos e familiares - suas opiniões, reflexões, bate-papos sobre literatura, cinema, música, suas entrevistas, enfim, um espaço onde ela possa se expressar e ler comentários sobre suas idéias!

Sejam bem-vindos! E agora passo a palavra para a dona do pedaço ;-)

Paulinho.