DIA 27 DE MARÇO: DIA NACIONAL DO CIRCO
HOJE TEM MARMELADA?
TEM, SIM, SENHOR !
HOJE TEM GOIABADA?
TEM, SIM, SENHOR!
E O PALHAÇO, O QUE É?
É LADRÃO DE MULHER!
Se para quase tudo existe um dia a ser comemorado, por que não se homenagear o circo? Pois esse dia existe: dia 27 de março, ontem.
A data foi escolhida em razão do aniversário do Palhaço Piolin, que nascera aos 27 de março de 1897, e se vivo estivesse, teria completado 111 anos de alegre existência e de temor de que o circo pudesse acabar um dia.
Meses atrás, mas muitos meses mesmo, eu conversava com alguém sobre artes e referia-me ao domínio que os trapezistas têm sobre o próprio corpo, quando ele me retrucou:
"- Eu só aprecio a boa arte, a arte clássica, não piso em circo..."
Minha primeira reação foi a de ficar com a boca aberta, olhando-o pasma! Depois retruquei:
-Não acredito que uma pessoa tão letrada possa dizer isso! Existe arte mais clássica que a circense? O circo é pai do Teatro, falei bem séria.
- Se fosse o circo de Soleur, você iria? Perguntei-lhe.
"_ Ah! agora você falou de CIRCO..."
- Então é preconceito e é grave, não tem cura, respondi.
O circo é uma fábrica de alegrias e percorre vidas humanas há milênios, há mais de 4000 mil anos que se têm vestígios de circo. Ele quase esmorece, mas não morre nunca, é forte, perene. Vem de geração em geração esparramando magia.
Lembro-me de que "era uma vez", eu era aluna do Instituto de Educação Dr. Carlos Sampaio Filho, em Penápolis e o pessoal de um circo entrou na sala de aula para nos presentear com ingressos. A aula era de inglês. O palhaço dirigiu-se ao coleguinha da primeira carteira e perguntou:
"-WHAT'S YOUR NAME?"
O menino levantou-se e gritou com os olhos arregalados:
"-Nossa!!! Palhaço sabe falar em inglês?"
E qual não foi a nossa surpresa, quando ele nos contou uma história comprida, de que tinha sido criança como nós, frequentara os bancos escolares e optara por ser palhaço, seguindo uma tradição familiar.
A partir daquele dia, eu e mais quatro ou cinco coleguinhas decidimos que quando crescêssemos, seríamos palhaços de circo. Às vezes, reuníamos debaixo de uma mangueira, para brincar de circo. Cabos de vassouras e sabugos de milho eram nossos microfones.
Crescemos. Nenhum de nós virou palhaço de circo. Nem sei se os outros quatro ainda vão a circos ou se preconceitos os desviaram dos caminhos da simplicidade. Cada qual seguiu o seu destino.
Se você forçar a memória, pense em quantos palhaços povoaram seu mundo dos risos. Lembram-se do Carequinha?
" O BOM MENINO NÃO FAZ XIXI NA CAMA,
O BOM MENINO NÃO FAZ MALCRIAÇÃO.
PAPAI DO CÉU PROTEGE O BOM MENINO,
QUE NA ESCOLA APRENDE SEMPRE A LIÇÃO."
E o palhaço Piolin? O rei dos palhaços, que morreu aos 76 anos.
Lembro-me de que quando cursava a primeira série do primário, a professora sempre dizia:
"AQUI no Brasil," ou " Quando Pedro Álvares Cabral chegou AQUI no Brasil ," sempre dizendo "AQUI" ao referir-se ao Brasil. Eu achava, então, que a minha cidade chamava-se Brasil. Pode? claro que pode, afinal criança daquela época era muito ingênua.
Uma bela tarde fui à matinê de um circo e lá do picadeiro o palhaço perguntou:
"- Qual é o nome desta cidade mesmo ?"
Eu, achando que ia "abafar", gritei:
-BRASIL! com toda a minha força... enquanto isso a meninada aclamava: PENÁPOLIS e ,ao mesmo tempo, vaiavam-me.
Já viram bexiga vermelha que alguém enche e deixa escapar e ela vai murchando, murchando? Pois foi assim que me senti, tal qual uma bexiga vermelha que vai se esvaziando, esvaziando... Aliás, nem sei mais se toda criança daquela época era mesmo ingênua...
Mas como sempre digo, o palhaço é um grande HOMEM com alma de psicólogo e ele, olhando-me através daquele rosto escondido, daqueles olhos pintados, percebendo que eu ia chorar, falou:
"- A menininha de vestido de bolinha está certa! Ela é inteligente. Penápolis é uma cidade do Brasil. Meninada, vamos aplaudir!"
Acho que não preciso de Freud para explicar o porquê da minha admiração pelos palhaços, pelo circo, pois é na infância que se calcam os valores e os sentimentos. Naquele momento, acreditei que o palhaço era uma figura do bem, ou melhor, eu nem deveria saber direito o que era do bem ou do mal, mas senti nele um alguém protetor. Afinal, para uma criança, vaias atingem tal qual pedradas.
Quero unir meu pensamento àqueles que prestigiam o circo como arte. Desejo que nunca sucumbam às dificuldades financeiras. Que suas forças sejam renovadas a cada espetáculo e jamais beirem a exaustão, da mesma forma que os animais em extinção. Que continuem itinerantes precursores da alegria. Que no caminho milenar do circo, existam sempre os mecenas, como o nosso senador Álvaro Dias, o qual ingressou com um projeto de lei, para melhorar as condições dos circos.
Quando o circo Zanquettini esteve em Costa Rica, eu comparecia todas as noites, sentava-me na primeira fileira e ria, ou melhor, gargalhava do começo ao fim das esquetes. Quer terapia mais apropriada? Bobo de quem perdeu.
Finalizando, deixo os parabéns aos palhaços Peki, Magali, Salário Mínimo e ao querido LIGEIRINHO , do circo Zanquettini.
Recordo-me de que eles estavam no palco jogando água de verdade uns nos outros, quando o Ligeirinho desceu do picadeiro e veio até mim. Pensei :"agora vão me molhar, mas tudo bem..."
Porém, eles jogaram papéis picados em nós e, ali, na platéia ganhei um abraço e um beijo do Ligeirinho, que foi uma das homenagens mais emocionantes que já recebi.
Com um palhaço eu aprendi que o nome da cidade onde nasci era Penápolis. Com palhaços eu rio muito, mesmo estando triste. Foi vestida de palhaça que fiz muitos alunos e pais de alunos rirem nas festas da Escola onde sempre lecionei. Foi um palhaço que, em público, me dedicou esse gesto tão carinhoso, como citei acima , sobre o sábio, simples e doce Ligeirinho, consagrado no programa do Faustão como o melhor do Brasil.
RESPEITÁVEL PÚBLICO! APERTEM OS CINTOS PARA UMA INCRÍVEL VIAGEM AO MUNDO DA ALEGRIA.
VIVAM OS CIRCOS!
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2 comentários:
Malu, falar de Circo é falar da doçura do sorriso, da espontaneidade das crianças, assistir a um espetáculo transcende os limites da idade e nos faz criança novamente, raro prazer a um adulto envolto a essa rotina violenta, moldada por seres pisicóticos, loucos por dinheiro.
Querida amiga Malu,contínue com esse espírito de alegria sempre,pois falar sobre circo é tudo de bom, me fez lembrar da época de criança que eu ouvia essas cantigas ou dizeres de palhaços.Acredito que a maioria das crianças não tem esse conhecimento popular passarei a elas.Sempre que tem circo na cidade e no mês de março trabalho com os alunos sobre palhaços e circo e canto uma musica assim:
Chegou, chegou
a hora da alegria,
no circo tem
tem palhaço todo dia.
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