Segundo reportagem de Sudip Kargupta, será lançado um livro de autoria de Horst Hippert, onde ele revela que teme ter abatido o avião de Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro O PEQUENO PRÍNCIPE.
Horst Hippert, ex piloto da alemã Luftwaffe, hoje com 88 anos, participou da Segunda Guerra Mundial e diz que em 1944, abateu o avião de Saint-Exupéry, mas não sabia quem o pilotava. Durante décadas, ninguém explicou o desaparecimento do autor do livro O Pequeno Príncipe.
Horst estava em guerra, mas diz que, se relmente era ele quem estava pilotando aquele avião, lamenta muito o ocorrido, pois era "fã" do autor.
Saint-Exupéry se exilou em Nova York quando os nazistas ocuparam a França, mas regressou para se juntar à Força Aérea do seu país, combatendo e fazendo uma das coisas que ele mais amava: pilotar, pois ele era apaixonado por aviões.
O livro O PEQUENO PRÍNCIPE, como ele mesmo analisou: "Pequeno Príncipe" não é uma história para crianças, porque traz justamente a mensagem da criança. Essa criança que irromperá de repente no deserto do teu coração, a milhas e milhas de qualquer região habitada..."
Os adultos acham que se trata de uma história infantil e, realmente, uma criança pode ler, gostar, mas , na verdade, é o mais sensível apelo ao próprio adulto, para que olhe em seu íntimo e saia em busca do "eu criança", não deixando morrer a magia da pureza. É a saga de um homem em busca de si mesmo e da felicidade, na personagem de um pequenino louro, perdido num deserto, descobrindo o mundo , nunca desistindo de uma pergunta, depois que a tivesse elaborado, a menos que a resposta cancelasse sua curiosidade.
Quando o menino surgiu do nada perto do avião, onde o piloto é o próprio autor, simbolizando o adulto, depois de alguma resistência do aviador em se abrir e se deixar levar pela retomada de si mesmo, ele, o homem grande, vê o pequenino iniciar o relato de sua chegada na terra, vindo de um planeta muito pequeno, que pode bem diagnosticar o egoísmo que nos domina ou impera em muitos. Singelamente ele, o principezinho, discorre sobre suas andanças e a primeira descoberta que fez o deixou muito frustrado, pois se achava dono de uma única flor, lá em seu planeta distante e ao avistar muitas iguais àquela em um jardim, chorou, talvez, pela certeza da banalidade ou por não ter aprendido que cada um de nós pode ter o seu encanto próprio.
Pelos caminhos do conhecimento, o principezinho vai enumerando suas descobertas: primeiro foi o rei, que não podia avistar ninguém, que já denominava de seu súdito, muito bem focado nas amizades dominadoras, nos autoritários. E assim foi seguindo , encontrou o vaidoso, o bêbado, o homem de negócios, o acendedor de lampiões, o geógrafo e, finalmente, o aviador. Após tantas descobertas, tantas desilusões, ele resolveu voltar ao seu planeta, em busca da flor abandonada, o que pode nos revelar que nós, indiscutivelmente, estamos procurando pela felicidade e, para isso, tentamos dominar as pessoas, entramos nos vícios, mergulhamos nos negócios e, às vezes, somos simples executores de ordens: " O quinto planeta era muito curioso. Era o menor de todos. Mal dava para um lampião e o acendedor de lampiões... O principezinho não podia atinar para que pudesse servir, no céu, num planeta sem casa e sem gente, um acendedor de lampiões. No entanto, disse consigo mesmo:
- Talvez esse homem seja mesmo absurdo. No entanto, é menos absurdo que o rei, que o vaidoso, que o homem de negócios, que o beberrão. Seu trabalho ao menos tem um sentido. Quando acende o lampião, é como se fizesse nascer mais uma estrela, mais uma flor. Quando apaga, porém, é estrela ou flor que adormecem. É uma ocupação bonita. E é útil, porque é bonita.
Quando abordou o planeta, saudou respeitosamente o acendedor:
-Bom dia. Por que acabas de apagar teu lampião?
-É o regulamento, respondeu o acendedor. Bom dia.
-Que é o regulamento?
-É apagar meu lampião. Boa Noite.
E tornou a acender.
-Mas por que acabas de o acender de novo?
-É o regulamento...
-Eu não compreendo, disse o principezinho.
-Não é para compreender, disse o acendedor. Regulamento é regulamento. Bom dia."
Depois dele, deparou-se com um geógrafo e finalmente com o aviador, que a princípio mostrou-se impaciente, ocupado, resistente a esse mergulho na busca de si mesmo. No final, quando o principezinho retorna ao seu planeta, porque sentia falta de sua flor, mesmo sabendo que ela não era a única, preocupado porque algum carneiro podia tê-la comido, essa volta pode representar o fato de assumirmos que vivemos num mundo corporativo e exigente, mas não podemos deixar de nos aprofundarmos em nós mesmos para não nos perdermos nas ilusões.
Nós não precisamos de muito para sermos felizes, bastam a simplicidade e as boas ações.Bastam as boas amizades.
E Saint-Exupéry, finaliza sua história dizendo:
" E agora, certamente já se vão seis anos... Jamais contara essa história. Os camaradas ficaram contentes de ver-me são e salvo. Eu estava triste, mas dizia: É o cansaço..."
" Olhem o céu . Perguntem: Terá ou não o carneiro comido a flor? E verão como tudo fica diferente...
E nenhuma pessoa grande jamais compreenderá que isso tenha tanta importância!"
Eu olho para o céu e pergunto: será que Hippert, o combatente alemão, derrubou de verdade Antoine Saint-Exupéry, juntamente com seu avião? Será que Antoine morreu fazendo aquilo que mais amava? pilotando? Aí , então, me consolo, e o procuro na beleza das estrelas, porque um autor como ele, é um amigo imperdível...
Vamos aguardar a publicação do livro de Horst Hippert. Talvez, depois de tantos anos ele tenha buscado em seu passado a necessidade de revelar aquilo que o perturba: Saint-Exupéry pilotava ou não o avião que ele abateu e viu cair no mar?
E nós vamos fazer um teste. Indiquemos a leitura do livro 0 PEQUENO PRÍNCIPE aos nossos conhecidos adultos. Se eles disserem que isso é história só para crianças e se disserem que não têm tempo, saberemos que ainda estão perdidos em busca de si mesmos.
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Um comentário:
Oi Malu, tudo bem? Recentemente tive a oportunidade de ler o livro "O Pequeno Principe". Achei muito oportuna a análise que você fez sobre o texto. Também fiz conforme você recomendou, sugeri a leitura para meus amigos, mas eles nem se importaram com isso. Infelizmente afeto, a sensibilidade, a compaixão tem se tornado cada dia mais banal...
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